Em alguma fase da nossa vida vamos perder alguém que amamos ou admiramos. Faz parte da experiência do ser humano. Segundo Cátia Silva, Psicóloga Clínica e Supervisora pela Ordem dos Psicólogos Portugueses, o luto é uma resposta emocional intensa à perda e não existe um manual de como vivê-lo.
“Cada pessoa lida com o luto de forma única. Não existe um “manual” para saber como lidar com o sofrimento nem um tempo certo para recuperar”, revela a psicóloga.
Cátia Silva, Psicóloga Clínica e Supervisora pela Ordem dos Psicólogos Portugueses
Não é um processo linear, mas existem formas de tornar o luto mais suportável. Cátia Silva revela como podemos lidar com o luto ou como podemos apoiar alguém que o esteja a viver.
Como lidar com o luto
- Dar espaço às emoções, sem julgá-las, é essencial;
- Escrever sobre o que se sente pode ser uma ferramenta poderosa para quem está em luto. A escrita ajuda a organizar pensamentos confusos, dá nome às emoções e permite que a dor se expresse de forma segura e privada. Manter um diário ou escrever uma carta à pessoa que partiu são formas comuns de transformar a dor em palavras;
- Chorar quando necessário também é uma forma legítima e saudável de expressão emocional. O choro ativa mecanismos naturais de alívio no corpo e ajuda a libertar tensão acumulada. Reprimir as lágrimas pode prolongar o sofrimento ou dar origem a sintomas físicos e emocionais mais intensos;
- Criar algo em homenagem ao que se perdeu permite transformar a dor em significado. Pode ser algo simples como plantar uma árvore, criar um álbum de recordações ou escrever um poema. Estes gestos funcionam como rituais pessoais de despedida e podem ajudar na aceitação da perda, reforçando o vínculo com aquilo que foi importante;
- Manter pequenas rotinas tais como comer, dormir e cuidar do corpo oferece um mínimo de estabilidade;
- E, claro, procurar apoio psicológico pode ser fundamental para atravessar o luto de forma mais saudável.
Como apoiar alguém que esteja a viver um luto
Se tem alguém próximo a viver um luto, é importante lembrar-se de que o mais valioso que pode oferecer não são respostas ou soluções, mas a sua presença:
- Escutar sem julgar é muitas vezes mais eficaz do que tentar encontrar palavras perfeitas
- Evite frases feitas como “tens de ser forte” ou “isso vai passar”, mesmo ditas com boa intenção, podem fazer com que a dor da pessoa se sinta desvalorizada;
- Aceite o silêncio e a tristeza do outro, sem tentar apressar o processo;
- Muitas vezes, pequenos gestos práticos como levar uma refeição, oferecer boleia ou ajudar com uma tarefa simples são demonstrações de carinho e apoio fundamentais;
- Seja paciente: o luto não tem prazo e cada pessoa vive-o ao seu ritmo;
- Se sentir que a pessoa precisa de ajuda adicional, sugira o apoio de um profissional de saúde mental, com cuidado e empatia, reforçando que procurar ajuda é uma atitude de coragem e autocuidado, e não um sinal de fraqueza.
Falar sobre o luto é uma forma de cuidar da vida. “Procurar ajuda ou simplesmente estar presente pode ser o que salva, quando tudo parece estar perdido”, afirma a Cátia Silva.
Recursos úteis
Em caso de necessidade, lembre-se que existem recursos a que pode recorrer. A psicóloga deixa alguns contactos:
- Ordem dos Psicólogos Portugueses: ordemdospsicologos.pt/pt/membros
- Linha SNS 24: 808 24 24 24
- SOS Voz Amiga: 213 544 545 / 912 802 669 / 963 524 660
- INEM (emergências): 112