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Mulheres Camaleónicas: A Arte de Sobreviver

Artigo de Opinião de Ana Rita Rodrigues, Psicóloga, Fundadora e Diretora Clínica do Pausa Para Sentir – Centro de Psicologia e Bem-Estar

Somos Mulheres. Mas o que significará isso?

Filhas, muitas de nós também mães. Trabalhadoras, esposas, amigas.

Cabem em nós tantos e tantos papéis sociais, mas a que custo?

Ensinam-nos a não desistirmos, a lutarmos pelos nossos sonhos e a sermos ambiciosas, mas não em excesso que isso assusta. E é aqui que começa o grande desafio. O desafio entre sermos bem-sucedidas nos nossos múltiplos papéis.

Querem que sejamos mães como se não fossemos trabalhadoras. Exigem que sejamos trabalhadoras como se não fossemos mães.

Pelo meio, vão-se perdendo algumas coisas, entre elas o nosso bem-estar e a nossa estimada saúde mental.

Dizem-nos também que devemos descansar, usufruir de momentos de pausa. Mas quando? Se quando não estamos a culpa nos arromba a porta e nos debita todas as responsabilidades e demandas que ficam pendentes. Se quando não estamos, mal sabemos gerir a autocrítica e o sentimento de dívida – dívida para com os nossos. Filhos, companheiros, colegas de trabalho, pais, amigos.

No meio de tudo isto, tentamos ainda lidar com as imperfeições legítimas e expectáveis que invadem não só a nossa alma, como também o nosso corpo. As marcas de guerra, como muitos lhes chamam. Sim, porque há também quem diga que somos guerreiras, seja lá o que isso for. Outros tantos, preferem chamar-lhes cicatrizes que eternizam experiências de vida. Falo das olheiras que mostram a privação de sono; das cicatrizes de cesariana que muitas de nós carregam, com vergonha e estigma ou com orgulho e dignidade, que expressam a continuidade da espécie humana; dos cabelos brancos que muitas de nós preferem esconder… e tantas outras coisas que espelham os nossos corpos imperfeitos, mas reais!

Também somos, ou pelo menos tentamos ser, amantes, companheiras…

Esforçamo-nos diariamente, entre o prazer e o cansaço, para estarmos “à altura” também neste papel de esposas legítimas. Somando pontos na equação da culpa. Culpa de não sermos suficientes, de não correspondermos às expectativas que os outros criam para nós, de sermos ultrapassadas ou abandonadas.

Nisto, a vida vira um sopro. Vivida em piloto automático a maior parte das vezes, sem direito a pausas. Ao merecido descanso tão poeticamente pregado pela sociedade – sociedade essa que também nos pressiona a fazermos cada vez mais e a sermos cada vez melhores.

De facto, a Mulher Contemporânea, que vive em pleno século XXI, carrega consigo não só as heranças emocionais de tudo o que lhe foi passado e transmitido, mas também os múltiplos pesos da responsabilidade muitas das vezes não partilhada. Carrega padrões, hábitos e costumes aprendidos. Muitas de nós, esforçam-se para os corromper, outras para os manter.

Já para não falar das exceções, que infelizmente começam a ser cada vez mais – as Mulheres Camaleónicas que estão sozinhas, sem retaguarda familiar ou suporte social. Essas que sobrevivem um dia após o outro – que se mantêm à tona com tão pouco oxigénio…mas até quando?


Ana Rita Rodrigues

Psicóloga, Fundadora e Diretora Clínica do Pausa Para Sentir – Centro de Psicologia e Bem-Estar

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