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‘Não era para ser assim…’

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Quem é o agressor?

Donos de um machismo quase obsessivo, de ciúmes sentidos de uma forma patológica e de um sentimento de frustração que ultrapassa todos os limites, os agressores poucas vezes sentem verdadeiramente remorsos. Para Coimbra de Matos, tudo parte de uma questão muito simples: testosterona juntamente com frustração.

“O que leva uma pessoa a agredir outra é fundamentalmente o sentimento de frustração. A frustração é a mãe da agressividade, quando estamos frustrados, o sentimento biológico que temos é o de partir para a agressividade.”

“Outra questão está relacionada com o machismo e com o sentimento de autoridade da figura masculina, algo que temos desde sempre na sociedade portuguesa, e que era bem visível no Estado Novo e nunca se perdeu… Ainda vivemos numa sociedade em que o homem geralmente tem mais poder do que a mulher…”

“Embora isso esteja a diminuir, nota-se uma maior entrada das mulheres nas universidades e em cargos de chefia nas empresas, mas continuamos a ter, nos verdadeiros lugares de poder, como no Governo, homens – a maior parte dos ministros são homens, os líderes de partidos são homens, nas Forças Armadas já se vê mulheres nas chefias, mas uma percentagem mínima…”

“E depois há algumas causas biológicas para a agressividade, a hormona masculina, a testosterona, é a hormona da agressividade. As hormonas femininas são hormonas mais calmas, as mulheres são, por regra, mais apaziguadoras. E tudo isto da agressividade também tem a ver com o traço narcísico.”

“Geralmente, as pessoas que agridem outras são pessoas que só pensam nelas próprias, pessoas com traço narcísico. Estas geralmente não mudam, não deixam de se comportar assim. Podem até diminuir a violência, mas mais cedo ou mais tarde voltam a agredir.”

Carlota via no marido uma pessoa especial, alguém com quem gostaria de partilhar uma vida e ter filhos. Mas essa era a mesma pessoa que estava a magoá-la. “Demorei muito a perceber que sofria algum tipo de violência, por que é difícil assumir e perceber que estamos a ser vítimas de algo tão concreto e assustador como a violência doméstica. É difícil perceber que estamos a ser vítimas de violência psicológica, que foi como tudo começou… E esse tipo de violência é pior do que qualquer chapada e é silenciosa…”

“Quando eu percebi, estava na rua, sem ter para onde ir e sem minha filha. Quando percebi que até ao último momento estava totalmente dominada psicologicamente… Foi muito difícil!” A todas as mulheres que passam atualmente pela mesma situação, Carlota deixa uma mensagem: “Homem nenhum vale tamanha humilhação! Têm de denunciar. Denunciando ou não, o medo vai existir sempre. Vencer o medo é o primeiro passo!

Imagem de destaque: © Unsplash.

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