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Nem Santas, nem Meretrizes, apenas Mulheres

Este não é um texto sobre a arte de pompoar ou exercícios de Kegel, mas sobre postura e – não vou negar – sobre posições (e suposições), mesmo. Se você é moralista ou conservador(a) talvez se ofenda com o que escrevo, nesse caso, recomendo seguir o seu dia como previsto.

Este é um texto que pretende lançar um olhar provocador sobre alguns preconceitos históricos da sociedade diante da mulher. Machismo, patriarcalismo? Nah, o buraco ainda é mais fundo e misoginia é o seu nome. Mais do que o desprezo, o ódio à mulher, ao feminino, desde há, pelo menos, uns bons 3 mil anos. Os últimos 2 mil anos aperfeiçoaram a máquina, mas este ódio ao feminino explica-se de uma maneira bastante simples. Aperte os cintos e embarque comigo nesta odisseia (resumida!).

A representação do feminino perante a sociedade sempre foi dualista, e o seu lugar social foi moldado a partir das opiniões do sexo oposto sobre as suas atitudes e representações. As mulheres não tinham voz e nada podiam fazer além de aceitarem o seu destino perante os detentores do poder patriarcal.

Por sorte, nem todas as civilizações nutriram esses preconceitos quanto ao feminino. Há civilizações que foram de base matriarcal, mas, mesmo hoje, ainda assistimos a luta da mulher para se afirmar diante de um mundo ainda desigual nas suas relações de género (masculino/feminino).

Assim, ao longo da História, a mulher tem assumido diferentes papéis no âmbito familiar. Com as diversas configurações socioculturais, o que se entende como “ser” mulher e o que se espera dessa figura – ao mesmo tempo em que influenciam diretamente a dinâmica das relações familiares – são modificadas por ela.

Neste texto abordo, num contexto familiar ocidental, os papéis e funções da mulher como são apresentados na contemporaneidade e a sua influência na construção psíquica dos indivíduos, bem como um panorama histórico do feminino na instituição de família, como a conhecemos atualmente.

Podemos, com segurança, dizer que historicamente a mulher tem sido vista como uma acompanhante para o homem, naquilo que seria o seu papel de entreter e servir. Como um objecto mais ou menos inanimado que era, e não um sujeito de pleno direito, com vontades, sentimentos e desejos próprios, esta posição secundária, subalterna é datada desde há milhares de anos, sempre com a insidiosa colaboração do discurso religioso, que reafirma o lugar inferior da mulher.

Tomando, por exemplo, o catolicismo e a sua teoria de criação de Adão e Eva, é possível compreender o papel da mulher: ela vem cumprir o papel de companheira, de alento para as agruras do homem; neste sentido, já nasce numa posição acessória, de dependência, visto que a sua génese remete à costela do homem.

Claro, isto é uma teoria, assim como grande parte da Bíblia, escrita (e reescrita, revista e editada) pela Igreja Católica, a mesma que considera Jesus Cristo, nascido em Jerusalém (no Médio Oriente), um homem branco, louro e de olhos azuis, filho de uma Virgem (?), ainda para mais, concebido sem mácula de pecado (??).

A figura de Eva, cúmplice da serpente e tentadora de Adão (que, desgovernadamente, se perde por causa dela), não é uma exclusividade judaico-cristã: Pandora, a primeira mulher mortal da mitologia grega, também não respeita uma proibição divina e é causa de todos os males da humanidade.

Começa assim uma espécie de paranóia que está no senso comum: precisamos perseguir as mulheres para puni-las (por causa delas fomos corrompidos e expulsos do paraíso) e porque elas são as tentadoras, são as representantes do demónio e do mal. Assim, de entre estas características atribuídas ao “segundo sexo” estão a alta inclinação para a corrupção, a propensão ao pecado e ao talento natural para induzir o homem a pecar. Por isso, a mulher devia ser domada, castigada, para que não fugisse da sua condição de submissão. Ai, sacrifício, oh, expiação.

Mas cuidado! Qualquer tentador(a) seria inócuo(a) se ele nos propusesse pecadilhos que não nos interessam: ele(a) só deve ser perseguido porque nos tenta justamente com o nosso próprio desejo, aquele que habita dentro de nós. E como é que esta questão é respondida? “O mal não vem de mim”, disseram eles. “Esse descontrolo vem da tentação” e o resto é o que se conhece e (ainda) remanesce.

Os homens daquela época associaram à figura das suas esposas, a de doces bonecas de porcelana que eram incumbidas do cuidado e da organização da sua família e do seu lar; satisfaziam apenas as necessidades mais básicas, pois, em paralelo, regalavam-se em prazeres quando recorriam aos serviços de uma prostituta, realizando a clássica dicotomia entre “amor” e “sexo”, privando as mulheres do exercício da sua sexualidade e conservando, assim, antagonizada a imagem doce da boa mãe, a santa mulher.

Sigmund Freud, criador da Psicanálise, foi bem perspicaz ao denunciar este drama inconsciente presente na mente do homem. Ainda que muitos considerem as teorias do velhinho Sig ultrapassadas (será?), não deixo de entrever que o drama de Édipo ainda permeia o imaginário dos homens. Ao separar as mulheres em santas e putas, para truca-trucar ou para casar, denunciam-se no esforço primitivo de separar aquelas que eles podem desejar desmedidamente e ‘postar’ vídeos sacanas pela internet afora, daquelas quase assexuadas a que chamarão de esposa e apresentarão à mãezinha dilecta e imaculada.

As informações até aqui já nos dão uma ideia do funcionamento do imaginário masculino em relação à sua projeção da ‘anima negativa’ (vulgo o “mal”, o “caos”, as “trevas”, a mulher – Pitágoras, seu maroto, dê cá um beijinho!). Mas, além dos conflitos interpessoais entre homens e mulheres, e as suas projecções rançosas e patológicas, houve um período da História em que a religião estabelecida não se ficou por menos: foi à lida, ou melhor, foi à caça às bruxas…

Este underground demoníaco corre à solta. E corroborou esta visão de dois tipos de mulheres: as Evas e as Liliths, ou então símbolos como a bruxa e a fada, a prostituta e a esposa, entre outros.

Ainda em relação ao discurso advindo do catolicismo, e como vimos, a mulher não é reconhecida como sujeito individual, com posicionamento e ideias próprias, mas com a delicodoçura e a candura de quem está pronta para, sorridente, servir ao seu senhor.

Ao adentrar na adolescência, a sexualidade feminina é deixada mais uma vez de lado, devendo o corpo ser coberto e a constante vergonha de se reconhecer como ser sexual instala-se na alma e no corpo da mulher, pois culturalmente devem preencher o papel reprodutor e casto. A emocionalidade positiva, as dimensões de leveza, descontração, a gratificação saudável são sempre um grande tabu nos meios adoecidos (e adoecedores). Logo, o discurso sexual é negado, pois o prazer será visto como um tabu, como algo “não puro” e transgressor. Na verdade, a alegria autêntica, aquela que é desconcertante, é algo até bastante subversivo para os alicerces da estrutura social e de poder da nossa sociedade…

Então, ontem como hoje, o que seria “ser mulher”?

A cultura clássica, sobretudo por conta do que explanei antes, não deixou outros mais lugares possíveis às mulheres. Existiam os cultos dionisíacos, mistéricos, onde as mulheres podiam expressar-se, mas a partir do I séc. DC acabou. Nos 300, 400 anos seguintes restabeleceriam a posição da mulher como sendo a responsável pela tentação e pelo desgoverno. Esta posição é invariável ao longo de 2 mil anos, e permite que um número incontável de mulheres seja trucidado, torturado – também em plena Renascença (nem sequer é só na Idade Media), ou seja, no renascimento da “razão”, na ideia de surgimento da ciência, o que não deixa de ser algo paradoxal.

Porque é que eu volto a esta génese, a esta vasta história? Primeiro, porque é “nossa”, depois porque ela é fundadora, e terceiro porque ela está aqui. Veja-se por exemplo as discussões em torno da cultura da violação (“mas… ela provocou, não é?”, “foi violada, mas… já viste a saia com que ela estava?”)… Infelizmente, não me limitei a fazer uma digressão histórico-estética: consciente ou inconscientemente ainda acreditamos nisso e muitas pessoas reproduzem essa forma de compreender o corpo da mulher como a sede e a responsabilidade do “mal”, da tentação.

Paradoxalmente, o corpo também é o lugar gerador da vida, imaculado, fundador da Virgem Maria. Aqui entra o ideal da Mãe como função histórica progressiva de pedra em cima da sexualidade ou do desejo femininos. O desejo feminino como objecto de ódio central na nossa cultura. O desejo não apenas ligado à sexualidade, mas a uma força de expressão de vontade individual (existencial, psicológica, emocional), propulsora e potenciadora de realização, de bem-estar, de prazer.

Ponham ou não a mão na boca como santas do pau oco ao tratarmos destes temas, mas ficar super kundalínica não é apanágio de todas, realmente.

Neste grande livro, caberia o porquê da “legitimidade” do apedrejamento de mulheres, da mutilação genital feminina, do feminicídio.

Seja Pandora ou Eva, na nossa formação cultural, as mulheres foram colocadas como as responsáveis pelos males da humanidade, e com estas tantas narrativas incutidas em nós, as mulheres até hoje sofrem com as consequências. As estatísticas dizem-nos que 1 mulher é agredida a cada 4 minutos. É uma história inteira, uma forma de conceber uma ideia introjetada, num imaginário partilhado, muito delirante.

De entre estes desvarios colectivos, que subsistem como a peste na nossa cultura, existe um que me intriga particularmente: o dos homens que matam a “ex”.

O fulano persegue e vai lá, muitas vezes, semanas, meses, anos depois de se ter separado da mulher. A ideia de que exista um desejo autónomo da mulher endoidece-o. Já as mulheres, em relação ao “ex”, no máximo, geralmente continuam a segui-lo no Instagram para ver com quem é que ele está agora.

É como se a nossa cultura estivesse a circular em torno dessa insuportabilidade do desejo do “outro” e sobretudo esse “outro” colocado no feminino. No fundo, “mas como assim?… Como é que ela pode viver sem mim? Como é que ela ousa ser autónoma e decidir por si? Como é que eu não sou o senhor e dono do seu desejo, da sua vontade própria?”… De facto, esta parece ser uma ideia insuportável ainda na mente de muitas pessoas.

Em 2022, as vítimas mortais em contexto de violência doméstica foram 28: 24 eram mulheres e 4 eram crianças. A GNR e a PSP somaram mais de 30 mil denúncias de crimes desta natureza. Na esmagadora maioria dos casos, os agressores eram do sexo masculino. Estes dados estão disponíveis no site da @cig_igualdade .

Até quando, quando falamos de violência doméstica, vamos continuar a negar a existência de um problema estrutural de violência de género?

Este é mesmo um problema persistente, que parece resistir a todas as estratégias que governos e instituições internacionais têm desenvolvido para o combater. Todos os dias, 7 mulheres morrem na União Europeia vítimas de violência, quase sempre às mãos de parceiros. Estima-se também que, na União Europeia, uma em cada 20 mulheres já foi violada e uma em cada duas jovens já foi vítima de ciberviolência. No mundo, há 200 milhões de mulheres vítimas de mutilação genital feminina.

Até quando os homens com quem têm relações familiares e de intimidade vão ser os que representam maior perigo para as mulheres? Até quando estas vão continuar a ser vistas como uma propriedade nas relações amorosas, sem direito a dizer “não”? Até quando as vozes das mulheres vão continuar a ser silenciadas ou caladas à força? Até quando vamos normalizar o discurso do “crime passional” e do ‘descontrolo por ciúmes’?

Porquê tanto medo? Tanto medo da vontade das mulheres, do seu desejo, da sua autonomia emocional, da sua individuação psicológica, da sua expressão individual, do seu corpo, da sua sexualidade, do erótico?

Faz-se necessário retomar a história da criação sob a perspectiva das religiões instituídas para que seja possível compreender a construção dos lugares de homem e mulher no contexto social.

Contudo, estes problemas relacionados com as construções de género não constam somente no catolicismo, mas sim em praticamente todas as religiões conhecidas. Existem muitas variações entre elas, sendo que em algumas a mulher é cultuada e reconhecida como deusa, porém, a sua santificação provém do acto de parir ou por meio do casamento com um deus.

Note-se que quando falo da “santa” ou da “puta” não estou a dizer quanto ao que são as mulheres. Descrevo apenas papéis sociais, facetas identitárias mais típicas do género feminino e de como essas expectativas nos são repassadas.

Maria Madalena é vítima. Vítima de um dogmatismo religioso exacerbado, vítima da sua imagem ter sido conspurcada possivelmente apenas devido a uma ligação mais íntima com Jesus. Vítima de ter largado os costumes da época para seguir as suas próprias convicções espirituais.

E mesmo que Maria Madalena fosse uma prostituta, qual seria o problema? Goste-se ou não, a prostituição é uma profissão (aliás, bastante antiga), e as mulheres que ganham a vida com o trabalho sexual, inclusive, fazem-no para homens “de bem”, seguidores do catolicismo (eu escuto os bastidores).

“Amai-vos uns aos outros como Eu vos amei”. Paz, amor, harmonia, respeito entre homens e mulheres, porque é que é tão fácil adorar a imagem de Jesus Cristo e tão difícil seguir os seus ensinamentos?

Entender o género como uma construção cultural, implica superar os binarismos baseados no sexo, isto é, nas diferenças físicas e biológicas entre macho e fêmea, que opõem o feminino ao masculino, geralmente não ao abrigo de um plano de igualdade, mas sim dentro de uma ordem hierárquica. Não, homens e mulheres não são idênticos, mas perante a lei, direitos e deveres, precisam ser iguais.

De que forma, entrando naquilo que é esperado socialmente, nós nos perdemos de nós mesmas enquanto mulheres? É esse o diálogo que eu gostaria de trazer.

Não há nada de errado em querer ser “aceita”, ter protecção, pertencer a algo mais, contando que não se esqueça, antes de tudo, de pertencer a si mesma, sem que o seu valor seja definido exclusivamente pelos papéis sociais que desempenha. A mulher precisa ser vista enquanto pessoa e não enquanto função.

Dentro de uma mulher há muitas mulheres. Seja a sua mulher para depois ser a mulher do(s) outro(s) ou da sociedade.

E a mulher reencontrada consigo mesma é a mulher pulsante, onde a vida floresce, os seus relacionamentos adquirem significado, profundidade e saúde. É aquela que reconhece os seus ciclos de sexualidade, criatividade, trabalho e diversão. O seu cansaço no final do dia tem como origem o trabalho e os esforços satisfatórios, não o facto de viverem enclausuradas num relacionamento, num contexto familiar, num emprego ou num estado de espírito pequenos demais.

Elas sabem instintivamente quando as coisas devem morrer e quando devem viver, elas sabem quando ir embora e quando ficar. Quando a mulher se conecta, ela adquire uma observadora interna, inspiradora, intuitiva, uma ouvinte que guia, sugere e estimula uma vida vibrante nos mundos interno e externo. Ela conhece a sua alma e tem uma visão íntima dos seus próprios ritmos internos. Sem conhecer os seus mais íntimos desejos, a vida esvai-se num tédio paralisante ou então num mundo de pensamentos desnorteados e pouca realização.

Quando a mulher se desconecta de si mesma, deixa de sentir, pensar ou agir diante do que ela pode ser, então, uma série de sintomas comummente aparecem: aridez, rigidez, fadiga crónica, depressão, confusão, ansiedade, sensação de estar amordaçada, desestimulada, desmotivada, calada à força. Sente-se assustada, deficiente ou fraca, sem inspiração, sem ânimo, sem expressão, sem significado, envergonhada, com uma fúria reprimida horrorosa, instável, amarrada, sem criatividade, transtornada.

Reconecte-se com a sabedoria antiga, com os saberes ancestrais, com a sua sexualidade sagrada e com as formas mais extraordinárias e expansivas de a expressar. Não seja a boazinha fingida nem a dominadora desligada do coração.

Você tem o sagrado a percorrer-lhe a corrente sanguínea, às vezes uiva de dor e amor de santo. Nos seus ossos tem o salteador de tesouros e a coragem colada aos músculos, mesmo abaixo da superfície da sua pele. E nos dias em que você não se quer sentir ou nas noites em que não consegue dormir, quando todos os momentos parecem falhar dentro da sua própria divindade, saiba isto: a cada momento de cada dia, você está a viver o caminho para a sua própria redenção.

Nenhuma de nós é apenas o melhor ou o pior de si mesma. Somos em todos os nossos momentos o nosso mais amável e o nosso mais sombrio. Somos a mais profunda vergonha e a realização mais orgulhosa. As sombras nunca poderão existir sem luz. E a luz revela-se por querer ser mais do que só sombra.

Isto é viver com a dualidade da nossa humanidade. É suada, suja e fria. É pura, boa e quente. É o centro vivo do paradoxo. Uma e outra vez, ele deixa-nos em apuros, desesperados e poupa-nos, leva-nos à redenção. Muitas vezes precisamos de andar por um milhão de caminhos apenas para cair nas nossas maiores verdades. Mas isto é que é viver, amar e tropeçar, por vezes bravas, por vezes falhas, como a personificação das várias facetas da mesma e remota divindade.

Mais do que conclusões, hoje levanto interrogações, convites à reflexão. Que conflitos são esses com a nossa feminilidade? E com a nossa masculinidade? Como encontrar uma forma de ser mulher? Sem que necessariamente tenhamos que ser OU uma “puta” (sem acesso a respeito social) OU uma santa (sem acesso à própria sexualidade)? De que forma cada uma poderia definir o que é ser uma mulher para si mesma? Como poderíamos expressar as nossas diferentes partes em diferentes momentos, em diferentes climas? Porque temos de nos enquadrar numa identidade ou na outra?

Sejamos franca(o)s: quantas mulheres, por vezes totalmente “diferentes” existem dentro de nós? E não, isto não é “esquizofrenia”, é apenas flexibilidade psicológica, é regulação emocional, é articulação das partes internas, é integração dos sub-modos das nossas personalidades, que tantas vezes ficam (convenientemente para alguns) podados e fragmentados dentro de cada pessoa. E tudo isso, como bem sabemos, pode e (numa perspectiva de boa saúde mental), diria mesmo, deve ir-se transformando / transmutando ao longo dos vários ciclos da vida.

Não negue nenhum aspecto de quem você é. Você é sexual. Você é cheia de alma (mesmo que não tenha ainda despertado para ela). Você é emocional. Você é racional. Você é espiritual. Você é mágica. E também é uma ferida, um escangalho. Todos nós somos tanto a luz quanto a escuridão. Somos seres humanos. Nem santas, nem putas, apenas mulheres!

Sara Ferreira

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