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O número que conta

Nos últimos dois anos, os telejornais abriram as suas notícias sempre da mesma forma, dando-nos conta de números: o número de infeções ativas por COVID-19, o número de doentes internados por essa doença, o número de pessoas recuperadas e, por último, o número mais temido, o de mortes por SARS-COV2.

É importante que as pessoas conheçam a dimensão dos problemas através dos números, mas o número verdadeiramente importante é o da vida.

Atualmente, a principal causa de morte no mundo é a doença cardiovascular e Portugal não é exceção. Aliás, assistimos a uma prevalência crescente no nosso país.

As doenças cardiovasculares são também a principal causa de morte nas mulheres. No entanto, apesar desta realidade, é no caso das mulheres que a doença é mais vezes subreconhecida, subestudada, subdiagnosticada e, consequentemente, subtratada.  Como resultado de tantos “sub’s”, a mulher tem tido um desfecho mais grave da doença em comparação com os homens.

No princípio deste mês, o Instituto Nacional de Estatística deu-nos a conhecer alguns números de 2020. Ficámos a saber que 28% dos óbitos foram atribuíveis às doenças cardiovasculares e a infeção por COVID-19 foi responsável por 5,8% do total de mortes. Embora o nosso foco de atenção, enquanto profissionais de saúde, se tenha concentrado nesta nova pandemia, durante esse período deixámos de parte todas as outras, tais como os fatores de risco de doença vascular cerebral, coronária e dos membros inferiores, nomeadamente, a hipertensão, a diabetes e a dislipidemia (colesterol elevado).

É verdade que as pessoas mudaram, a sociedade mudou, o trabalho mudou, mas não mudou a principal causa da doença cardiovascular aterosclerótica – o colesterol mau (LDL). O colesterol LDL é um inimigo silencioso que se deposita nas artérias do nosso organismo ao longo de vários anos para depois se manifestar clinicamente como morte súbita, doença cerebrovascular, doença coronária e doença arterial periférica.

Nesse sentido, é urgente mudar a forma como encaramos todos os fatores de risco cardiovasculares, em particular o colesterol.

Apesar de alguma melhoria nos últimos anos, a dislipidemia continua a ser um verdadeiro problema de saúde pública. Controlar o peso, ter uma alimentação saudável e fazer exercício físico revela-se muitas vezes insuficiente e torna-se necessário recorrer à medicação. Esta medicação para baixar o colesterol não se resume a uma ferramenta para controlar valores analíticos, mas antes uma terapêutica capaz de mudar o resultado de uma doença com elevada taxa de morbi-mortalidade.

Deste modo, é imperativo que sejamos mais preventivos e não apenas reativos.

É importante consciencializar todos, mas principalmente as mulheres acerca deste assunto, para que o número de vezes que o coração bate seja tão mais elevado quanto possível!

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Artigo escrito por Joana Duarte Rodrigues

Cardiologista no Centro Hospitalar Univerisátio de São João, EPE e Hospital Privado da Boa Nova

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