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A Nobel Day

4.4.14 é a data do próximo A Nobel Day. O evento traz à cidade de Coimbra quatro investigadores premiados com o Nobel (da Medicina e da Química). A LuxWOMAN esteve à conversa com a organizadora do evento, a cientista Renata Gomes.

Como é que surgiu o A Nobel Day?

É uma ideia de 2007, uma ideia que eu tive na altura em que era estagiária. Estava a fazer estágio clínico na Universidade de Londres, absolutamente exausta, fazia trabalho clínico no hospital durante o dia e laboratório à noite ou ao contrário. Porque, ao mesmo tempo estava a fazer o meu trabalho clínico para obter a minha licença médica, estava a fazer um mestrado científico.

Muito cansativo…

Sim. Estava no corredor, estava à espera que uma farmacêutica me entregasse um saco de medicamentos para levar, estava a fazer uma rotação em cardiologia e encostei-me à parede, nunca mais me esqueço – encostei-me à parede e pus-me a dormir em pé. Passa o Sir Paul Nurse, prémio Nobel britânico que na altura era presidente da Sociedade Real e, não sei porquê, passou lá pelo corredor e viu-me. Olhou para mim e disse: “É complicado, não é? Mas tu não desistas, pode ser que um dia ganhes um Prémio Nobel.” E eu abri bem os olhos, perguntei “O quê?” e ele respondeu “Sim, estou mesmo a falar contigo ti.” Eu a olhar incrédula… “Ele está a falar comigo!” E fiquei mesmo motivada e muitas vezes, em alturas difíceis, lembrava-me daquilo – “podes ganhar um Prémio Nobel um dia”. E não foi só por causa do prémio em si, foi também por causa da forma como ele falou comigo e da motivação que me deu.

Foi nessa altura que descobriu o poder motivacional do discurso dos premiados com um Nobel? Foi aí que nasceu o A Nobel Day?

Comecei a pensar que deveríamos pegar nesses velhotes e fazer um congresso. Os velhotes Nobel e os jovens vão para lá fazer perguntas uns aos outros. Isto foi uma ideia, claro. É preciso dinheiro, é preciso tempo. Até ao ano passado, eu todos os anos atirava a ideia para o ar e no ano passado, felizmente, tive apoio para fazer o A Nobel Day, em Lisboa. Foi o primeiro. Queríamos mostrar os Prémios Nobel à comunidade, a toda a comunidade – e por isso a iniciativa foi e é aberta a toda a gente que queira inscrever-se.

E correu bem?

O feedback que tivemos é que os Nobel inspiraram quem os ouviu para a vida, não só para trabalharem… Não é para trabalharem mais, mas para trabalharem melhor, porque às vezes trabalhar mais não significa trabalhar melhor. E motivou extremamente quem ouviu os discursos, pessoas de todas as áreas. Havia lá pessoas de humanidades, de História, que queriam estar lá porque queriam ser parte da História, porque foi a primeira vez.

O que é que vai acontecer este ano?

No dia 4 de abril, vamos fazer o A Nobel Day at CHHUC, o Centro Hospitalar dos Hospitais da Universidade de Coimbra.

E além do objetivo de motivar quem ouve, o A Nobel Day de 2014 tem mais um objetivo este ano, não é?

Sim. Fala-se muito de ciência translacional para a medicina, fala-se porque existe uma quebra entre a investigação e o hospital. Entre sair do laboratório e entrar com as descobertas científicas no hospital, falta, normalmente, um centro de ensaios fase um. Um lugar onde o cientista que inventou algo absolutamente novo e fantástico, antes de começar a entrar mesmo nos hospitais, possa passar por aquele centro de fase um para demonstrar a aplicabilidade da descoberta em pessoas saudáveis, que o que está a ser testado não causa efeitos secundários.

Porque é que as pessoas devem ir ao A Nobel Day?

Este ano, podem esperar um programa que é científico mas mais aberto ao público em geral, porque vão ouvir falar sobre a ciência do Nobel, mas também sobre o serviço médico, ou seja, quando um médico for falar, interessa-nos a todos, porque se nós tivermos um problema de coração, sabemos que aquele serviço presta aqueles cuidados. A medicina de Portugal é uma medicina – medicina, enfermagem, fisioterapia – de qualidade. O público geral também pode perceber o que é que se passa nos serviços, e depois existe a terceira fase da sessão, que é a parte mais política, mais económica, que interessa a toda a gente. Algumas pessoas vão falar do que se tem investido e como se tem investido, onde se falhou e da realidade, a verdadeira realidade.

E há um debate também?

Sim, sob o tema ‘Como é que se ganha um Prémio Nobel e como é que se evita o desemprego’. Estamos a falar neste caso de um Prémio Nobel, mas é quanto à ideia de como é que se tem sucesso. Porque o Prémio Nobel nas nossas áreas é o pico do sucesso.

Quer dizer que vão dar conselhos práticos para as pessoas trabalharem?

Serão opiniões pessoais dos Nobel, opiniões baseadas na experiência que eles têm. As pessoas do público terão microfones para fazerem as suas perguntas, há conversas… Os Nobel têm sempre muito interesse em perceber o que é que se passa na comunidade que visitam. Normalmente, eles é que fazem as perguntas quase todas e nós de cá é que respondemos. E, em geral, eles dizem que as pessoas aqui não têm a vida nada fácil, mas aguentam-se. Têm muita admiração.

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