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Quando o cansaço nas pernas pode esconder uma doença séria

Com impacto direto na qualidade de vida, a Doença Venosa Crónica é uma condição comum, mas muitas vezes ignorada. A especialista Joana Ferreira explica quando o desconforto nas pernas deve ser levado a sério e quais os cuidados essenciais a adotar

Sente peso, dor, inchaço ou cãibras noturnas nas pernas? Estes sintomas podem ser sinais da Doença Venosa Crónica (DVC), que afeta cerca de 35% da população adulta em Portugal, especialmente mulheres a partir dos 30 anos. A condição tende a agravar-se com longas horas em pé ou sentada, impactando significativamente a qualidade de vida. Apesar de comum, grande parte dos afetados não procura ajuda médica, atrasando o diagnóstico e aumentando as consequências, tanto pessoais como sociais e económicas. Com o regresso às rotinas após o verão, muitos portugueses voltam a sentir estes sintomas incómodos, sobretudo profissionais que passam muito tempo em pé ou sentados, como professores, motoristas ou trabalhadores de escritório.

Joana Ferreira, médica especialista em Angiologia e Cirurgia Vascular, esclarece o que é a Doença Venosa Crónica, os principais fatores de risco e o que pode ser feito para prevenir e tratar esta condição, valorizando a saúde das pernas como essencial para o bem-estar diário.

Joana Ferreira, médica especialista em Angiologia e Cirurgia Vascular

Quando é que o desconforto nas pernas deixa de ser apenas cansaço e começa a ser um motivo para consultar um médico?

Na minha opinião, sempre. O desconforto nas pernas pode ser um dos sintomas da Doença Venosa Crónica (DVC), com impacto significativo na qualidade de vida. É essencial identificar estes doentes numa fase precoce para iniciar atempadamente o tratamento e evitar a evolução da doença.

Em Portugal, são muitos os casos de DVC?

Em Portugal, estima-se que a DVC afete cerca de 35% da população adulta, sobretudo mulheres a partir dos 30 anos. Um dado preocupante é que grande parte das pessoas afetadas não procura ajuda médica, o que atrasa o diagnóstico e compromete a qualidade de vida, com consequências também a nível social e económico.


O desconforto nas pernas pode ser um dos sintomas da Doença Venosa Crónica (DVC), com impacto significativo na qualidade de vida


Quais são as profissões mais afetadas?

As profissões mais atingidas são aquelas em que se permanece muitas horas de pé: cabeleireiros, cozinheiros, professores, seguranças, polícias ou profissionais de saúde. No entanto, não se limita a estas áreas. A rotina do dia a dia no mundo ocidental expõe cada vez mais as pessoas a longos períodos de pé, seja nos transportes públicos, onde há menos lugares sentados, ou até em casa, por exemplo, com a substituição das banheiras por polibãs, que implicam que a higiene diária seja feita em pé.

Peso, dor, inchaço ou cãibras noturnas são alguns dos sintomas que denunciam a presença desta doença. Que impacto é que têm no dia a dia, seja no trabalho ou não, das pessoas que sofrem deles?

Os sintomas da DVC têm um impacto muito relevante na qualidade de vida, interferindo tanto no bem-estar pessoal como no desempenho profissional. Esta dimensão laboral ganha ainda mais importância numa fase em que tantas pessoas estão a retomar o trabalho. Além disso, estima-se que, em Portugal, a DVC seja responsável por cerca de um milhão de dias de trabalho perdidos, bem como por 21% de mudanças de posto de trabalho e 8% de reformas antecipadas.

Que pequenos hábitos pode cada mulher adotar para cuidar melhor das suas pernas, mesmo com uma rotina atarefada?

De facto, as mulheres acumulam uma rotina particularmente exigente, que envolve não só a atividade profissional, mas também tarefas familiares e domésticas. Ainda assim, existem cuidados simples e eficazes que podem ser integrados no dia-a-dia:

  • Praticar, no mínimo, 30 minutos de exercício físico por dia;
  • Aumentar a atividade física diária na medida do possível ao, por exemplo, preferir as escadas ao elevador, optar por andar a pé, entre outros;
  • Elevar os membros inferiores ao longo do dia;
  • Manter a pele bem hidratada;
  • Ter uma alimentação equilibrada;
  • Controlar o peso para prevenir excesso de peso ou obesidade.

Que exercícios ou pausas durante o dia aconselha para quem passa muitas horas em pé ou sentado?

Sempre que possível, é importante movimentar-se ao longo do dia: caminhar, alternar entre a posição de pé e sentado e elevar os membros inferiores. Estes hábitos simples devem fazer parte da rotina diária para reduzir o impacto da imobilidade prolongada.


A rotina do dia a dia no mundo ocidental expõe cada vez mais as pessoas a longos períodos de pé, seja nos transportes públicos, onde há menos lugares sentados, ou até em casa, por exemplo, com a substituição das banheiras por polibãs, que implicam que a higiene diária seja feita em pé.


Além dos cuidados em casa, por que é tão importante um diagnóstico e tratamento precoces?

Um diagnóstico precoce permite intervir mais cedo e iniciar o tratamento adequado numa fase inicial, evitando ou retardando a progressão da doença.

Quais os tratamentos disponíveis que ajudam a manter as pernas bonitas e saudáveis?

Além das medidas já referidas, como, exercício físico, alimentação equilibrada, controlo de peso, hidratação da pele e elevação dos membros inferiores, é essencial o uso de meia elástica e a toma de fármacos venoativos, que ajudam a controlar os sintomas e, de acordo com alguns estudos, a minimizar a evolução da DVC. Existem também tratamentos realizados por profissionais de saúde, incluindo procedimentos minimamente invasivos para eliminar telangiectasias (as chamadas “aranhas vasculares”) e varizes. Estes métodos não só contribuem para uma melhoria estética, como também aliviam os sintomas e previnem a progressão da doença.

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