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Viver com Insónias

Começou a sofrer de insónias aos 12 anos e uma boa noite de sono era tão rara que era motivo de festa. Bateu a várias portas, mas a ajuda que encontrou foi sempre infrutífera. Pelo caminho, foi reunindo ferramentas, práticas e fez mudanças e experiências até juntar todas as peças do puzzle que a ajudaram a libertar-se da insónia, finalmente. Alexandra Parrado, coach e mentora do sono, dedica-se, hoje, a ajudar quem sofre de noites mal dormidas.

Como foi ter insónias tão nova?

Comecei a ter insónias pelos meus 12 anos. Passava horas às voltas na cama a tentar adormecer. Creio que era demasiado nova para entender que estava perante um problema. Passei a achar que ter dificuldade em dormir era algo que me caracterizava, que fazia parte da minha identidade. Olhava à minha volta e pensava: quem me dera ser como os outros, que dormem e se sentem bem durante o dia. A insónia passou a ser o meu normal e assumi que teria de viver assim.

 Sentiu um impacto na sua qualidade de vida? 

Claro! Hoje em dia costumo dizer que a minha vida se divide em antes e depois da insónia. Sentia-me cansada, sem energia, com dificuldade em concentrar-me e em funcionar mentalmente. Com o tempo, o padrão de sono foi piorando, as crises de insónia eram cada vez mais longas e os efeitos de não dormir cada vez mais intensos. Nos piores momentos, atravessar um dia era um verdadeiro suplício. Vivia em esforço. Sentia-me permanentemente exausta, deprimida e desesperada.

Alexandra Parrado, coach e mentora do sono

Alexandra Parrado, coach e mentora do sono. Foto de Tiago Miranda.

Quando é que começou a dormir melhor?

Foi preciso bater a várias portas até encontrar ajuda eficaz. Já com um histórico de duas décadas de insónia, receitaram-me comprimidos. Não os teria tomado se soubesse o que sei hoje. Inicialmente, ajudaram-me a dormir. Embora o sono sedado não tivesse a qualidade de um sono natural, fiquei feliz por não passar horas a lutar com a cama. Mas, a certa altura, os comprimidos deixaram de fazer efeito e entrei na pior fase das insónias. 

Foi quando comecei a aplicar as estratégias da terapia cognitivo-comportamental para a insónia que comecei a ver a luz ao fundo do túnel. O sono foi melhorando, aos poucos, e a minha vida começou a mudar. Tudo se tornou mais leve e prazeroso. Pude evoluir profissionalmente e aceitar desafios maiores.

Contudo, anos depois tive uma crise muito grande. Disseram-me, então, que o meu problema era crónico e recomendaram-me tomar comprimidos novamente. Nesse momento, tomei uma decisão que foi fundamental para me libertar da insónia. Se eu não estava a dormir, algo estava em desequilíbrio. Eu tinha de ensinar o meu corpo e a minha mente a encontrar, em si, esse equilíbrio. Os comprimidos não poderiam ajudar-me nisso.

O que mudou na sua vida?

Foi um processo gradual. Aprofundei as minhas práticas de yoga e meditação e fiz mudanças nas minhas rotinas e estilo de vida. Estudei ayurveda, que me ajudou muito a compreender as insónias. Passei a acreditar e a confiar na minha capacidade de dormir. A minha vida transformou-se totalmente. Hoje, uma noite mal dormida é uma excepção. Aos 43 anos, sinto-me melhor do que nunca.

 Que dicas é que pode dar a quem não consegue dormir?

Duas regras fundamentais são ter um horário regular de sono e não ficar às voltas na cama a tentar dormir. Acordar todos os dias à mesma hora, mesmo ao fim-de-semana, irá regular o ritmo circadiano. Se estiver difícil adormecer, o melhor a fazer é sair da cama e fazer uma atividade relaxante até sentir sono novamente.

E, se a insónia persistir, pedir ajuda o quanto antes. Uma insónia torna-se crónica a partir dos três meses e o tempo só irá agravá-la.

Estabelecer uma rotina é importante? Como mantê-la?

Muito! O sono adora regularidade. E, depois, é importante optimizar o que na rotina beneficia o sono e eliminar o que o prejudica.

Não é fácil mudar de hábitos. É importante percebermos primeiro o que funciona para nós, pois somos todos diferentes. Depois, mudar uma coisa de cada vez e manter a consistência, até que os novos hábitos se tornem automáticos. Um dos maiores erros que se cometem na mudança de hábitos é esperar pela motivação. A motivação é o que nos faz iniciar algo, depois é preciso disciplina e consistência.

Uma coach e mentora do sono é?

O meu trabalho de coaching/mentoria é um conjunto da minha experiência vivida e das várias formações e certificações que fiz. Utilizo, como base, as estratégias da terapia cognitivo-comportamental para a insónia, considerada a primeira linha de tratamento da insónia e na qual me certifiquei. Além disso, trata-se de um processo personalizado e holístico, onde fazemos mudanças positivas nos hábitos e estilo de vida. Consoante cada caso, trabalhamos na gestão de stresse, gestão de tempo, autoconhecimento, prática de exercício físico e alimentação.

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