

Como contar aos filhos que os pais vão separar-se? A forma como esta conversa acontece pode marcar profundamente a vida das crianças. Preparação, empatia e consistência são fundamentais para minimizar o impacto emocional do divórcio.
Seja por uma decisão conjunta ou não, as separações nunca são fáceis para nenhum dos intervenientes. Independentemente dos motivos que levaram ao final da relação, quando este final é definitivo e irreversível, a prioridade deve ser tornar o processo o menos doloroso possível para todos, principalmente quando há crianças.
É extremamente desafiante passarmos por um processo de luto enquanto tentamos adaptar-nos a uma nova realidade e simultaneamente sermos mãe e pai. Afinal, a relação terminou mas a parentalidade continua e a forma como agimos junto dos nossos filhos, no que diz respeito à separação, pode ter um impacto muito grande neles.
Um divórcio não tem de arruinar a vida dos nossos filhos, nem tem de ser traumático. Exige muita consciência da nossa parte e uma intenção muito bem definida em ambos: tornar isto o mais fácil possível para as crianças. Por isso, deixo-vos ficar algumas considerações e dicas importantes. Devem ainda consultar o Guia ‘ Como tornar o divórcio mais fácil para os filhos‘, que criei especialmente para vos ajudar neste processo.
COMO CONTAR AOS FILHOS
As crianças vão provavelmente lembrar-se para sempre do dia em que lhes contarem da separação. Por isso, deve ser algo muito bem pensado e preparado. Devem estar os dois presentes, calmos e preparados para responder a perguntas.
Algumas destas considerações podem parecer óbvias mas é natural que num momento de maior fragilidade as nossas emoções tomem conta de nós, comprometendo a nossa consciência. Por isso, devemos preparar-nos.
O QUE NÃO FAZER
- Não falem com os vossos filhos se não tiverem 100% de certeza que é o fim da relação;
- Não assumam que crianças mais velhas ou adolescentes não ficarão tão afetadas ou transtornadas como crianças mais pequenas. Por norma até sofrem mais;
- Não aproveitem a situação para passar a vossa versão da história ou colocar o vosso parceiro no lugar de vilão;
- Não usem os filhos como argumento para salvar a relação. É um peso e responsabilidade enorme e irrealista. Para além de que não vão querer que alguém fique convosco só por causa dos filhos;
- Não esperem perguntas desde logo. Por vezes as crianças precisam de tempo para processar o que ouviram;
- Não abandonem radicalmente o lar de um dia para o outro. As crianças precisam de tempo para se ajustar emocionalmente à nova realidade;
- Não tenham expectativas quanto à reação deles. Nem tentem incutir sentimentos ou reações. Não projetem as vossas vivências nos vossos filhos. Principalmente, neste momento sensível.
O QUE FAZER
- Caso tenham mais do que um filho, falem separadamente com cada um. Desta forma podem prestar total atenção às necessidades dele/dela naquele momento;
- Sejam carinhosos e amorosos. Reconheçam a dor deles mas não coloquem sentimentos ou emoções na boca deles;
- Assegurem-lhes que ambos vão continuar a fazer parte da vida delas, sempre;
- Estejam preparados para responder às perguntas e também para a possibilidade delas não quererem falar sobre o assunto;
- Estejam preparados para voltar ao assunto assim que elas estejam. Caso o vosso parceiro não esteja presente, assegurem-se que ambos têm o mesmo discurso com as crianças para não haver duas versões ou afirmações contraditórias;
- Escolham falar com as crianças quando tiverem todo o tempo e atenção disponíveis. Não apressem a situação;
- Deem-lhes espaço. Algumas crianças vão querer fazer o luto sozinhos antes de querer ou conseguir falar convosco.
POSSÍVEIS PERGUNTAS
É provável que a primeira reação seja de choque, lágrimas ou até de revolta. Isto pode variar muito de criança para criança e em alguns casos até podem parecer desinteressados mas a dada altura vão começar a fazer perguntas. Pensem desde logo como querem responder a estas questões porque vai definir todo o cenário do divórcio e como as crianças irão processá-lo. Eis algumas das perguntas frequentes que devem preparar:
Porquê? Tentem não entrar muito no detalhe porque pode despoletar alguma da amargura em vocês que mencionei anteriormente. Definam a resposta antecipadamente com o vosso companheiro e mantenha-se fiel a essa versão.
Onde vou viver? Esta pergunta é fundamental para entender as necessidades da criança e o que ela mais precisa e quer. Não significa que seja uma forma de a influenciar a escolher viver com um de vocês. Assegurem-lhe que tudo será definido em torno do bem estar dela. Seja residência alternada ou não, uma criança precisa sempre de estar com ambos de forma a que cresça em equilíbrio. No fundo, ninguém pode ser pai e mãe ao mesmo tempo.
MAIS INFORMAÇÕES E DICAS IMPORTANTES
Para mais dicas e sugestões concretas sobre como gerir emoções, comportamentos, a nova realidade, acordos práticos e como enfrentar os primeiros meses após a separação, devem consultar o Guia ‘ Como tornar o divórcio mais fácil para os filhos‘, que criei especialmente para vos ajudar neste processo.
Ana Pinto
Permite-te curar, processar e evoluir
Mentora e criadora da plataforma ‘Naturalmente Mulher’, que visa apostar no desenvolvimento pessoal feminino, especialmente nas áreas da maternidade, desenvolvimento pessoal e divórcio consciente. Dedica-se à criação de conteúdos e mentorias para ajudar outras mulheres a alcançarem uma vida de clareza, propósito e equilíbrio. Tudo é criado de forma individual e de acordo com as necessidades de cada mulher.
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