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Como é ser mulher na área das ciências? Bárbara Gomes responde

Hoje, dia 11 de fevereiro, celebra-se o Dia Internacional das Mulheres na Ciência.

Bárbara Gomes é CEO do CoLAB AccelBio, uma associação privada sem fins lucrativos, que foca a sua atividade na descoberta de medicamentos e na capitalização de resultados científicos na área biomédica. No Dia Internacional das Mulheres na Ciência, partilha, através de cinco perguntas, como é ser mulher e trabalhar na área das ciências.

Bárbara Gomes, CEO do CoLAB AccelBio

Bárbara Gomes, CEO do CoLAB AccelBio

1. O que a inspirou a seguir uma carreira na ciência e quais foram os maiores desafios que enfrentou ao longo do caminho?

A minha paixão pela ciência nasceu da curiosidade pelo funcionamento do corpo humano e, em particular, pela química e biologia. No ensino secundário, as aulas laboratoriais despertaram a minha curiosidade, e alguns professores inspiraram-me a seguir o curso de Ciências Farmacêuticas. Mais tarde, ao enveredar pela investigação, percebi que queria estar mais próxima da aplicação prática da ciência, o que me levou à área de transferência de tecnologia. No entanto, fazer ciência não é fácil. A jornada é marcada por muita tentativa e erro, e muitas vezes, por uma sucessão de nãos. É preciso resiliência para lidar com os obstáculos, sabendo que nem todas as tentativas terão sucesso. Além disso, fazer ciência em Portugal apresenta uma barreira adicional: a falta de financiamento constante e de um planeamento de longo prazo, o que torna o processo ainda mais desafiador. Porém, apesar dessas dificuldades, há algo incrivelmente gratificante e até divertido em explorar o desconhecido e fazer acontecer.

2. Já sentiu que teve que provar mais a sua competência nesta área por ser mulher? Como lidou com isso?

Sim, infelizmente, a desigualdade de género ainda é uma realidade em muitos setores, incluindo a ciência. Uma das realidades que enfrentei foi o paternalismo por parte de alguns dos meus pares masculinos. Muitas vezes, senti que a minha competência era questionada de forma implícita, o que torna a caminhada mais difícil. Apesar da elevada participação feminina em várias disciplinas científicas, as mulheres continuam a enfrentar barreiras ao acesso a cargos de liderança, desde menores oportunidades de promoção até disparidades salariais. No entanto, as diferenças de tratamento nem sempre estão apenas relacionadas com o género. Em várias situações, a minha “juventude” também gerou um tratamento diferente, com a percepção de que era “mais nova” e, por isso, menos experiente. Esse tipo de preconceito, seja pela idade ou género, exige ainda mais resiliência e prova constante de competência.

Para lidar com essa realidade, sempre acreditei que a melhor resposta é a excelência no trabalho e a confiança nas minhas capacidades. Além disso, tenho procurado contribuir ativamente para a mudança, promovendo um ambiente mais inclusivo e encorajando outras mulheres a avançarem sem receio, nomeadamente as cientistas do AccelBio. É fundamental criar redes de apoio e reforçar a ideia de que liderança e competência não têm género.

3. Qual é a descoberta ou projeto mais emocionante em que já trabalhou e porquê?

O projeto mais emocionante foi, sem dúvida, a criação do AccelBio. Criar algo novo numa área com tantos riscos e desafios foi e é um grande desafio, mas também uma experiência extremamente gratificante. O AccelBio não é apenas um projeto de investigação, mas uma iniciativa com uma missão que pode ter um impacto significativo a nível nacional. Sabemos que estamos a trabalhar em algo que pode contribuir de forma decisiva para o desenvolvimento da biotecnologia em Portugal, o que torna o nosso trabalho ainda mais relevante e motivador.

Além disso, uma das maiores satisfações é ver como o AccelBio tem ajudado a atrair e reter talento altamente qualificado, contribuindo para que profissionais talentosos escolham voltar a Portugal para trabalhar connosco. Isso é algo que realmente nos orgulha, pois sabemos que estamos a ajudar a construir um ecossistema científico e empresarial cada vez mais forte no país.

4. Que conselho daria a meninas e jovens mulheres que querem seguir carreira na ciência, mas têm dúvidas ou receios?

Acreditem em vocês mesmas e não deixem que os desafios vos desencorajem. A ciência precisa de diversidade e diferentes perspetivas para avançar. Trabalhem a vossa confiança, inspirem-se em mulheres que já trilharam este caminho e rodeiem-se de pessoas que apoiam o vosso crescimento. Além disso, procurem oportunidades que promovam o equilíbrio entre a vida profissional e pessoal, para que possam alcançar cargos de liderança sem abdicar da qualidade de vida.

5. Como acha que a diversidade (de género, cultura, experiências) pode impactar o avanço científico e a inovação?

A diversidade é fundamental para impulsionar a inovação científica. Diferentes perspetivas enriquecem a abordagem aos problemas e levam a soluções mais criativas e eficazes. No contexto da ciência biomédica, a diversidade permite uma melhor compreensão das necessidades da sociedade e um desenvolvimento mais abrangente de tecnologias e tratamentos. Além disso, ambientes diversos são mais colaborativos e resilientes, o que é essencial para o progresso científico e tecnológico.

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