Herói anónimo

Esta é a história do verdadeiro herói sem nome! Quando recebeu na sua caixa de email a oferta do pagamento integral das propinas do Mestrado Integrado em Engenharia Eletrotécnica e de Computadores (MIEEC) da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), Vinícius Ginja não quis acreditar, mas respondeu ao destinatário.

Na verdade, nem ele nem centenas de outros universitários que receberam, em setembro, um email de uma pessoa não identificada a oferecer-se para fazer o pagamento.

O estudante do quinto ano de MIEEC respondeu ao email com o número da sua conta bancária e, dez minutos depois, tinha os mil euros anuais de propinas saldados. Tudo o que os estudantes tinham de fazer era indicar, na resposta, a referência Multibanco correspondente às suas contas de alunos.

Em declarações ao Canal Superior, Vinícius explica que o autor da mensagem afirmava ser um antigo estudante do MIEEC da FEUP, disposto a realizar um “ato de solidariedade” em benefício de um dos atuais alunos. “O que é engraçado é que, de toda a gente com quem falei, ninguém levou a sério”, afirma Vinícius, arriscando dizer: “Penso que é um homem, e quase de certeza um professor da FEUP.”

O estudante vai utilizar o valor da bolsa de estudos para pagar as despesas da sua ida para Países Baixos, em fevereiro, para realizar um estágio/tese numa empresa.

Maria e Carlos Carreiro

Maria Carreiro é uma açoriana de 53 anos a viver com o marido em New Bedford, no estado norte-americano do Massachusetts, perdeu o emprego numa fábrica e recebeu um conselho de uma amiga que acabou por mudar a sua vida: “Ela disse-me que, como tinha uma casa grande e gostava muito de crianças, devia tentar ser família de acolhimento, que havia sempre muita procura”, recorda, em entrevista à agência Lusa.

Estávamos em 1995. Embora já tivesse dois filhos, a imigrante portuguesa decidiu experimentar. Entretanto, o casal residente nos EUA já foi família de acolhimento de mais de 400 crianças e jovens, sendo que duas crianças foram adotadas pelo casal. Recebem tanto bebés com dias de vida, vindos diretamente do hospital, como jovens de até 18 anos. Alguns ficam apenas umas semanas, outros permanecem na casa da família portuguesa por um período que pode ir até três anos.

Por cada criança acolhida, o Estado oferece ao casal uma diária, um seguro de saúde e novas roupas a cada três meses. Maria Carreiro e o marido acolhem, sobretudo, crianças oriundas de famílias norte-americanas e hispânicas, mas também já receberam crianças de famílias portuguesas. Neste momento, sete mil crianças estão ao cuidado do Estado em Massachusetts.

Este é um projeto muito desafiante em termos emocionais, mas há um momento que Maria Carreiro recorda com mais emoção, quando viu um homem à sua porta: “Disse-me que tinha vivido connosco durante dois anos quando tinha 11, e que agora estava na Marinha. Tinha vindo fazer uma visita apenas para agradecer.” Provavelmente, muitos outros lhes baterão à porta um dia, de sorriso na cara…

Imagem de destaque: Dominique-Harrison-Bentzen.