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Saúde oral: os portugueses continuam a ter medo de ir ao dentista?

Artigo de opinião de Armando Lopes, Diretor de Cirurgia Oral da MALO CLINIC

Armando Lopes

Armando Lopes

Quando falamos na evolução dos tratamentos dentários ao longo dos anos, estamos longe de imaginar que tudo começou com barbeiros que, durante o século XIX, eram responsáveis por remover os dentes aos seus “pacientes”. Desde então, a medicina dentária tem evoluído de forma exponencial, tendo sido profissionalizada, melhorada e aperfeiçoada através de procedimentos como a introdução da anestesia nos tratamentos dentários há mais de 150 anos. Esta evolução tem contribuído para que muitas das preocupações associadas às idas ao dentista tivessem sido atenuadas com o passar dos anos.

Ainda assim, e apesar da maior parte das pessoas reconhecer a importância da saúde oral, segundo dados do Barómetro da Saúde Oral da Ordem dos Médicos Dentistas de 2021, 6,4% dos portugueses ainda revela receio de ir a uma consulta de medicina dentária. Neste sentido, a relação de confiança entre os Médicos Dentistas e os pacientes e a melhoria da experiência em consultório têm sido os principais focos nos últimos anos, para combater o estigma e o receio associados às consultas e tratamentos dentários.

Com base nisto, têm sido implementadas mudanças ao nível dos consultórios, das técnicas, bem como das componentes relacionais dos profissionais. A maior parte das clínicas tornaram-se mais luminosas, recorrendo menos à luz artificial e utilizando cores mais claras, bem como mais clean em termos de decoração e organização. As salas de espera são agora mais confortáveis e os gabinetes insonorizados, de forma a evitar deixar passar sons que podem gerar ansiedade nos pacientes. O recurso a música ambiente no consultório ou até mesmo a audiovisuais personalizados contribuem também para a sensação de bem estar do paciente, diminuindo a ansiedade. Ao nível dos profissionais, as mudanças são significativas ao nível da relação com os pacientes, sendo que atualmente o objetivo é que o paciente se sinta confortável desde o primeiro momento.

Além disso, as novas tecnologias permitiram que nos últimos anos tenham sido feitos avanços significativos, o que abriu portas a novos procedimentos, à melhoria das técnicas utilizadas e, consequentemente, a uma maior eficácia e conforto dos pacientes. Exemplo disso são as Impressoras 3D, que constroem coroas dentárias do zero, os scanners intraorais que captam imagens diretamente na boca do paciente, dispensando os desconfortáveis moldes e materiais de impressão, a cirurgia guiada que permite planear e executar intervenções de forma mais precisa e menos invasiva, e até as luzes que se iluminam ou escurecem consoante a presença de cáries.

Outro fator que tem vindo a contribuir para que as gerações mais novas não tenham receio de visitar o médico dentista, é a crescente preocupação dos pais em que estas visitas se realizem o mais cedo possível, de uma forma preventiva e, na maior parte das vezes, ainda sem grandes necessidades de intervenção. Nos casos em que são necessários tratamentos, o desenvolvimento de técnicas anestésicas, nomeadamente a Sedação Consciente, permitem que os tratamentos sejam realizados sem qualquer dor ou desconforto por parte da criança.

Se antes, muitos dos pacientes evitavam as consultas de rotina e ignoravam determinados sintomas com receio dos tratamentos, com a evolução da medicina dentária cada vez mais pacientes reconhecem que ir ao dentista não tem que ser um problema e que os sintomas não devem ser ignorados. O futuro da medicina dentária passa por continuar a melhorar a experiência dos pacientes e por desenvolver novos procedimentos que tornem os processos ainda mais cómodos e indolores. Nesse sentido, deve sempre existir uma comunicação aberta, transparente e cuidada por parte dos Médicos Dentistas, com o intuito de quebrar o estigma associado às idas ao dentista

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