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4 em cada 5 mulheres estão cansadas de comentários sobre os seus corpos

Quantas vezes não ouviu a palavra “corpo ideal” ou “corpo perfeito de verão”? Há muito que a sociedade tem ideais sobre isto, espelhando-se em conceitos irreais e impossíveis de atingir. Isto resulta num enfoque naqueles que não estão dentro destes parâmetros e muitas vezes, disfarçado de preocupação com a saúde, surgem comentários maldosos e indelicados.  A isto chamamos body shaming, uma forma de bullying que envolve comentários indesejáveis e indelicados sobre o corpo ou a forma de outra pessoa”, explica-nos Caroline West, Especialista em Sexo e Relacionamentos do Bumble. Dentro deste, existem diferentes tipos de “shaming”: “fat shaming”, “health shaming” ou “thin shaming”.

Segundo um inquérito realizado pelo Bumble, a cerca de 15 mil pessoas solteiras em todo o mundo, para compreender melhor como o body shaming afeta as suas vidas, 83% dos inquiridos consideram que é mais provável que se sintam julgados fisicamente quando namoram do que noutras áreas da sua vida e 4 em cada 5 mulheres (80%) afirmaram estar cansadas de ver e ouvir como os corpos de todos devem ser.

Falámos com a especialista Caroline West para perceber que impactos tem o body shaming e o que podemos fazer para lidar com isto. 

Caroline West, Especialista em Sexo e Relacionamentos do Bumble

Caroline West, Especialista em Sexo e Relacionamentos do Bumble

Quais são os impactos psicológicos do body shaming?

O body shaming também pode estar ligado ao racismo, à homofobia ou à misoginia, pelo que pode ter impacto nas pessoas de diferentes formas. Pode afetar a saúde mental das pessoas, a sua confiança e, em alguns casos, pode levar ao desenvolvimento ou agravamento da dismorfia corporal. As pessoas podem não querer sair ou estar online para evitar estes comentários, o que pode afetar a sua vida social. Com base numa pesquisa do Bumble, o body shaming faz com que as pessoas se sintam auto-conscientes (35%), inseguras (33%) e zangadas (25%). As pessoas que sofrem de body shaming podem sentir-se “demasiado magras”, “demasiado grandes” ou “demasiado escuras” e podem interiorizar estas críticas.

As mulheres sofrem mais do que os homens? 

Antigamente, as mulheres sofriam mais de body shaming, mas temos assistido a um aumento do body shaming em todos os géneros e orientações. Num recente inquérito mundial, o Bumble descobriu que tanto os homens como as mulheres são afetados pelo body shaming: mais de metade dos homens (54%) afirmaram estar cansados de ver e ouvir como os corpos de todos devem ser, enquanto 4 em cada 5 mulheres (80%) afirmaram estar cansadas de ver e ouvir como os corpos de todos devem ser. Os anúncios de beleza promovem um “corpo ideal” que muito poucas pessoas têm, e isso faz com que estas se sintam mal com os seus corpos, o que significa lucros para algumas empresas. Os homens não ficaram imunes a esta pressão, com produtos desenvolvidos apenas para os homens.

São normalmente as pessoas mais próximas que fazem este tipo de comentários? Que mecanismos temos de desenvolver contra isso?

Os comentários de body shaming podem parecer bem intencionados por parte da família e dos amigos, e os comentários online de estranhos tendem a ser mais maldosos na intenção. Se achar que os seus entes queridos fazem estes comentários, fale com eles sobre como se sente ao ouvir esses reparos. Eles podem não ter noção do impacto das suas palavras e falar com eles permite-lhes refletir sobre a forma como os comentários podem ser prejudiciais, quer tenhamos a intenção de magoar ou não. Se achar que os seus amigos não respeitam este pedido para usarem linguagem body shaming, talvez seja altura de reavaliar a amizade, pois os nossos amigos devem elevar-nos e não deitar-nos abaixo.

Uma forma de resolver este problema e de encorajar o namoro a ser uma experiência positiva é não tolerar qualquer tipo de bullying. Em janeiro de 2021, o Bumble anunciou a proibição de linguagem body shaming, proibindo explicitamente comentários não solicitados e depreciativos feitos sobre a aparência, forma corporal, tamanho ou saúde de alguém. Isso inclui linguagem que pode ser considerada gordofóbica, capacitista, racista, colorista, homofóbica ou transfóbica. Esta linguagem pode ser desumanizadora e ajuda a normalizar a violência contra grupos marginalizados, pelo que é imperativo adotar uma posição forte contra esta linguagem se quisermos construir uma sociedade mais amável.

Com as redes sociais, acabamos por estar mais expostos a todo o tipo de comentários. Sem deixarmos de publicar o que queremos, o que podemos fazer para não nos deixarmos afetar? 

Os limites são importantes nas relações pessoais, mas são igualmente importantes na Internet. Se se sentir mal depois de fazer scroll, reveja os perfis das contas que segue e pergunte a si próprio como é que elas o fazem sentir quando vê o seu conteúdo. Deixe de as seguir se não o fizerem sentir-se bem. Após a pandemia, mais de metade de nós (52%) estabeleceu mais limites no último ano. Isto inclui sermos mais claros sobre as nossas necessidades e limites emocionais (63%) e sermos mais ponderados e intencionais sobre a forma como nos expomos (59%), o que o Bumble chama de ‘Guardrailing’.

É fácil dizer “ignora os trolls”, mas é humano admitir que eles nos podem afetar. Vale a pena lembrar que os trolls são muitas vezes extremamente inseguros e tentam sentir-se melhor rebaixando os outros. Os comentários negativos são um problema deles, não seu. Apague todos os comentários negativos e tente não alimentar uma discussão – é isso que um troll quer.

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