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Rita RedShoes: “Seria bom normalizar as partes menos cor de rosa da maternidade”

Rita Redshoes, nome artístico de Rita Pereira, sempre quis ser mãe. Na verdade, se tivesse tido a oportunidade, o sonho da artista portuguesa seria ser “mãe de 3”. Posto isto, nada fazia prever que, “após uma ou duas semanas do parto”, começasse a sentir-se “muito ansiosa, esgotada fisicamente e com ataques de pânico”. Sintomas que, graças à sua licenciatura em Psicologia Clínica, a alertaram para que “algo não estava a correr bem”.

Segundo o Serviço Nacional de Saúde, a depressão pós-parto é uma doença mental caracterizada por sinais prolongados de tristeza, perda de interesse em atividades diárias, ansiedade e irritabilidade. Pode surgir um pouco antes do parto e/ou durante todo o primeiro ano após o parto. Contudo, o seu início é mais frequente até 4 meses após o parto.

De forma a “normalizar as partes menos cor de rosa da maternidade para que a culpa, a vergonha e o isolamento das mães” deixe de existir, conversámos com a artista portuguesa sobre esta fase da sua vida, a propósito da Life Sessions – Depressão pós parto disponível na Mastercare.

Quando é que se apercebeu, depois de ter tido a sua filha Rosa, que estava a passar por uma depressão pós-parto? Quais foram os sinais de alerta?

Apercebi-me relativamente cedo, após uma ou duas semanas do parto, porque comecei a sentir-me muito ansiosa, esgotada fisicamente e com ataques de pânico. Mal dormia, estava sem apetite, tinha uma enorme vontade de chorar e sentia-me bastante fragilizada.

Procurou ajuda?

Sou licenciada em Psicologia Clínica e, por isso, também me foi mais fácil aperceber-me de que algo não estava a correr bem. Após um mês decidi que não podia deixar passar mais tempo. Tive a sorte de conhecer, através do livro “Os bebés também querem dormir” da Constança Cordeiro Ferreira, o Centro do Bebé. Este espaço conta com uma equipa especializada de profissionais de saúde no apoio às mães e pais, desde a gravidez ao pós-parto e primeiros tempos. Aqui fui acompanhada por uma psicóloga e uma psiquiatra que me ajudaram em todo o processo.

E em relação às pessoas ao seu redor. Sentiu-se apoiada?

Senti, embora seja difícil de explicar o que se está a passar às outras pessoas e, por esse motivo, é normal que quem esteja à volta se sinta um pouco perdido na forma como pode ajudar. Diria que é uma enorme ajuda apoiar a mãe na logística para que esta possa descansar e ter algum tempo para si própria, fora do papel de mãe.

Rita RedShoes

Rita RedShoes, cantora, compositora e instrumentista

Fala-se pouco sobre o pós-parto?

Claramente. Afinal de contas é algo que acontece desde o início da existência humana, erradamente pensamos que é a coisa mais natural do mundo. É, mas nem sempre é fácil. Seria bom normalizar as partes menos cor de rosa da maternidade para que a culpa, a vergonha e o isolamento das mães deixasse de existir.

O que diria a quem se encontra a passar pela mesma situação?

Que apesar de agora não parecer, vai passar. Os bebés não o vão ser para sempre. Crescem e nós com eles. Aceitar que no momento não é possível fazermos tudo bem sozinhas e que por isso não somos piores mães. Ouvir o que nos diz o nosso instinto em relação ao nosso bebé, a voz que vem lá do fundo, talvez do coração, está certa. E não ter vergonha nem medo de procurar ajuda, ela existe e vai facilitar o processo.

Ser mãe sempre foi algo que quis?

Sim, sempre sonhei vir a ser mãe. Mãe de 3, mas já não fui a tempo porque comecei tarde.

 O que mudou na sua vida depois de ser mãe?

Tudo. Uma vez mãe, mãe para sempre. A minha prioridade passou a ser a minha filha. É o meu tesouro. As decisões, as vontades, as dúvidas são todas olhadas por esta nova lente, a de mãe. Apesar do início atribulado e dos desafios diários, foi e é a melhor coisa que me aconteceu.

Teve a maternidade impacto na sua música? Qual?

Inevitavelmente. No imediato senti a urgência de escrever um disco sobre todo o processo. Hoje em dia, seis anos passados, percebo que me tornei uma cantora e compositora mais confiante, mais fiel a mim mesma, mas também mais sensível. Costumo dizer que a minha filha é a minha maior força e a minha maior fragilidade.

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